O uso do bico ou chupeta é uma sucção sem fim nutricional, assim como outras formas, através da sucção dos dedos, panos e outros objetos. Esta sucção não nutritiva é um reflexo inato que se inicia desde a vida intrauterina. Através deste ato a criança entra em contato com o mundo externo. Para a psicologia, faz parte da fase oral que proporciona a descoberta do mundo no início da vida. O objetivo da introdução da chupeta sempre foi o de acalmar a criança em circunstâncias especiais como: dor, medo, fome, hora de dormir, percepção da separação da mãe e para momentos de angústia, comuns no universo infantil.
Embora, no campo da psicologia não encontramos inconvenientes em estudos levantados na literatura científica que contraindiquem a sucção não nutritiva, desde que, a criança supere o hábito à medida que for se desenvolvendo, é importante ainda, levar em consideração os “prós” e “contras” levantados por outros campos de conhecimento como, a odontologia, a fonoaudiologia, a nutrição e a pediatria. Vale ressaltar que, um estudo de revisão multidisciplinar, publicado no Jornal de Pediatria em 2009, buscou na literatura “prós” e “contras” do uso de chupeta e chegou à conclusão final de que foram encontrados mais efeitos insalubres do que benéficos. Mas a decisão é da família em utilizar este recurso ou não.
PRÓS:
- Para alguns médicos, a chupeta pode ser um recurso contra a Síndrome da Morte Súbita da Infância, já que sugar a chupeta enquanto dorme poderia prevenir o problema;
- A chupeta acalma;
- Quando a criança tem uma necessidade de sucção não nutritiva, ou seja, mesmo depois da mamada, ela continua com a necessidade de sugar.
CONTRAS:
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- Pode prejudicar a amamentação;
- Chupetas usadas o tempo todo, a longo prazo podem desencadear uma série de problemas ortodônticos, como alterações das cavidades orais e de dentição, como o desalinhamento dos dentes e também levar a problemas na mastigação;
- Estudos apontam que a otite (inflamação do ouvido que causa dor) é mais comum em crianças que usam chupeta; A chupeta pode conter vírus e bactérias que causam candidíase oral e aftas.
- Além disso, seu uso sem a devida higienização aumenta o risco de a criança adoecer.
Uma vez introduzido pela família este recurso, qual o melhor momento de tirar a chupeta da criança?
Alguns especialistas defendem o uso da chupeta apenas até os seis primeiros anos de vida. Outros aceitam o uso até os 2 anos. Esta idade é o ideal, principalmente para os dentistas e pediatras. Após, consideram causar alterações irreversíveis, tornando-se prejudicial à formação da face, à respiração, à dentição e à fala.
Assim como o desfralde, que deve acontecer em conjunto com a escola, é importante os pais observarem também esta idade ideal para fazer a criança largar este hábito que se torna dispensável e até mesmo mais saudável abandoná-lo.
Para facilitar o processo, esteja atento ao que acalma sua criança. Pode ser música, colo, certa forma de conversar e neste caso, explicar o que pode acontecer em decorrência do uso da chupeta (como respirar mal, ter dentes tortos, atrapalhar na mastigação etc.). Quanto mais conhecer sua criança para utilizar a melhor estratégia, maiores serão as chances de sucesso.
Muito cuidado para não tentar tirar a chupeta em um momento de instabilidade emocional da criança, como a chegada de um irmão ou outras mudanças na rotina familiar e/ou escolar, pois será ainda mais difícil. Busque escolher uma fase da vida em que ela esteja tranquila e relaxada, pois assim, a aceitação será mais fácil e mais leve para toda a família.