O tema é polêmico. O beijo na boca ou “selinho” dos filhos dividem opiniões. Se formos pesquisar a respeito, encontraremos tanto opiniões contra, como outras que não encontram contraindicação no ato considerado por alguns especialistas apenas como demonstração de afeto, desde que, para estes especialistas, ocorram em um contexto de amor saudável e este ato for bem entendido e acolhido pelos pequenos.
Mas afinal, para os especialistas que são “contra”, é preciso estabelecer limites nas demonstrações de carinho? Acreditam que sim. Quais as justificativas? Eles explicam que, existe a questão da saúde, que torna “perigoso” beijar os lábios das crianças, em especial recém-nascidos, que ainda tem seu sistema imunológico imaturo. Isto porque, a boca é considerada um dos locais do corpo com maior número de bactérias. Mas, aqui por se tratar de um texto de orientação escolar, tentaremos entender o problema comportamental. Mesmo sendo um ato inocente, as crianças que recebem “selinhos” dos pais, podem tentar fazer o mesmo na escola com os coleguinhas e até mesmo com outras crianças do seu convívio. Especialistas concordam que o gesto pode influenciar e mudar o comportamento infantil, que por costume, pode repetir a ação com outras pessoas.
Sabemos que em nossa cultura, a boca é uma zona erógena e é importante, de forma delicada, explicar o papel do beijo na boca entre casais, sobretudo, namorados ou casados, sempre colocando os devidos limites e afirmando às crianças a importância de que: Crianças não namoram! A demonstração de carinho e amor de forma física é muito importante na criação dos filhos, mas é diferente dos carinhos trocados entre os adultos.
Cada família tem o direito de escolher a forma de manifestar seu carinho e amor de acordo com sua criação e costumes, porém, podemos entender que o beijo na boca não é um beijo social, certo? Se assim fosse, ninguém acharia estranho ver os casais se beijando por aí. Isto nos faz concluir que, para nossa sociedade, na nossa cultura, de modo geral, esse gesto ainda pode ser considerado de caráter erótico. O que pode confundir as crianças, principalmente na Educação Infantil, de entender por que é que esse beijo não pode ser dado também nos coleguinhas e nas professoras, por exemplo.
Temos outras maneiras de manifestar o amor que não o beijo na boca. Por este motivo, alguns conteúdos destinados ao público adulto como novelas, cenas de filmes e vídeos, que mostram relacionamentos amorosos, não devem fazer parte da infância, no sentido de preservar a inocência da idade e não confundi-las. Estes acessos estão inseridos em uma sexualidade que está além da capacidade de processamento cognitivo e emocional dos pequenos. Em alguns casos, a aproximação física pode enviar uma mensagem confusa para elas e até mesmo estimular uma sexualidade precoce. Por isto, é importante repensar se vale a pena inserir os “selinhos” no dia a dia da família. Deixar de dá-los em seu filho não prejudicará em nada em seu estado emocional e psicológico.
Importante dizer aqui que, qualquer manifestação da sexualidade infantil é normal, devemos então, orientar, não repreender e apenas fazer uma intervenção educativa quando surgirem os atos ou apenas a curiosidade. Orientação, informação saudável e intervenção é a melhor forma de lidar com os comportamentos dos nossos filhos.