FUNCIONAMENTO DIFERENCIADO

As mordidas

Nada mais comum no dia a dia da escola do que uma criança morder outra, especialmente entre um e três anos de idade. Embora esta ocorrência seja natural na Educação Infantil, todos os envolvidos ficam chateados e preocupados, além da criança, possivelmente machucada. É muito importante um trabalho conjunto de atenção e cuidados para minimizar estes atos, evitar que aconteçam ou se repitam. O primeiro passo é compreender o que causa esse comportamento nas crianças que mordem. 

A boca sente, recebe e emite. É fonte de descobertas. Para bebês e crianças na primeira infância, tudo é novo e morder faz parte deste universo. Ainda que não exista má intenção, a mordida é um ato de agressão, que provoca dor e costuma deixar marcas, por isso precisa ser combatida. Ela é a forma de contato sensorial com o desconhecido e a comunicação corporal que as crianças têm durante uma fase do desenvolvimento. A mordida pode significar diversas coisas, desde a demonstração de carinho aprendida em casa com os pais ao brincar com pequenas mordidas – ou, irritabilidade, disputa por algo como brinquedos, defesa, tédio e até um meio de chamar atenção. De modo geral, as crianças mordem para lidar com um desafio ou satisfazer uma necessidade. Precisamos entender que nesta faixa etária, elas estão descobrindo o mundo pela via oral, o que facilita partir para o ato de morder. Isto requer muita atenção da equipe da escola, para evitar e tratar as ocorrências, mas também a atenção e compreensão dos pais com a fase, que pode ainda ser uma questão individual de expressão emocional em que a criança passa momentaneamente.

 Quando ocorre a mordida, o agredido não entende o porquê e o autor não necessariamente vê aquele gesto como uma violência. É importante o adulto que presenciar a ocorrência, imediatamente conforte a criança ferida e mostre a outra o que aconteceu. Dessa forma, é possível a criança perceber a consequência, ainda que não tenha a intenção de machucar. Neste momento, é preciso evitar reações extremas. Tanto na escola quanto em casa, devemos evitar colocar a criança de castigo, bem como jamais mordê-la para demonstrar que dói. Ao contrário, aborde sem gritos, olhando nos olhos e dizendo: “Não pode. Isso dói e machuca!”. Assim, aos poucos elas podem compreender que morder não pode ser a melhor forma de se comunicar e expressar. É importante se manter por perto para que a criança perceba a presença de um adulto a observando e intervindo, além de se ter a atenção de não rotular a criança que morde mais. A situação precisa ser tratada com cuidado, e para isto, a família deve ter ciência, caso ocorra na escola, bem como ao contrário, a família avisar à escola se tem acontecido em casa e com frequência. Para ajudarmos melhor a criança que está nesta fase de morder, é preciso o diálogo entre família e escola para que sejam alinhadas estratégias de abordagem saudável. 

É fundamental tratar estes casos com objetividade, calma, autocontrole e persistência. Devemos desenvolver a compreensão e empatia com todos os envolvidos. Certamente, nenhum pai e mãe quer que sua criança seja mordida, mas menos ainda, que seja a criança que morde os coleguinhas e outras fora da escola. O diálogo nestes casos é a melhor forma de resolver a situação que tranquilamente é passageira. São apenas fases da infância que como várias outras, também vai passar!

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